14.7.11

Falar claro

Da mesma forma que ainda hoje se procura a canção pop perfeita, com I love you no refrão e três minutos de duração, boa parte da minha vida é passada à procura do filme de conversa perfeito. O género cinematográfico filme de conversa, que estranhamente nunca aparece nas listas, é aquele em que a única acção decorre de pessoas a conversar (a boa conversa tem sempre consequências narrativas). Já houve quem chegasse perto da perfeição como em Twelve Angry Men (pessoas a conversar numa sala de júri), Diner (pessoas a conversar numa mesa de café), ou Annie Hall (pessoas a conversar em filas de cinema ou enquanto cozem lagostas).

Em alguns casos, raros, se o autor souber o que está a fazer haverá uma cena em que ninguém abre a boca, quase sempre aquela em que se concretiza o que tememos ou desejámos e o plot thickens. Um desses momentos está em Igby Goes Down, um filme que tem em simultâneo o Gore Vidal no papel de um padre, o Kieran Culkin (gosto tanto deste rapaz) e a Amanda Peet, artista junkie, com algum excesso de problemas e ex-amante de Jeff Goldblum.

Este é o momento em que, depois de uma dolorosa ausência e de tudo o resto falhar, ela tenta uma última vez. Veste-se de esposa, deixa a pinta de artista do Soho no loft e combina um café. Precisamente as três coisas que ele não quer daquela mulher.

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